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sábado, fevereiro 23, 2008

 
Empreendedores

Passei a última semana na longínqua cidade de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, trabalhando feito um condenado apesar de o resultado ter sido quase nenhum. Pelo menos tive a oportunidade de ver na auto-entitulada capital do petróleo brasileiro uma coisa que o pastor Ronaldo Dedini sempre falou a respeito: o povo deste país é o mais criativo do cone Sul da América Latina.

Passando por um bairro de terras invadidas, chamado Nova Holanda, parecidíssimo com Amsterdã, me deparei com dezenas de mangueiras jogadas do lado das calçadas. Incauto, pergunto ao seu Edvar, um motorista de taxi que era a cara do Azulão do programa do Ratinho, sobre que diabos era aquilo.

Me responde o senhor taxista que o local --um misto de lixão, mercado de peixes, beira de rio e tráfico de droga-- exige que todos ali roubem a companhia de água do estado. Todo mundo. Dos 60 aos 6 anos de idade, é um rio de gente que passa o dia na beira dessas mangueiras, tentando arrancar água com a boca ou com bombas de sucção. Quando isso dá certo, chegam a vender 200 litros por 15 reais.

Coisa finíssima.

Perguntei ao motorista se aquela sacanagem corria assim mesmo, a céu aberto durante o dia inteirinho. O seu Edvar foi além do que eu esperava. Disse que além de ser um roubo comum, ele próprio tinha adquirido "duas residência aqui no local, sem se esquecer, é craro, de colocar uma cisterninha com uns 35 mil litros de água pra vender na semana. Afinal, meu jovem, tudo mundo tem que sobrevivê, numéverdadi?"

Grande exemplo de como o povo brasileiro é honesto, empreendedor e trabalhador.

Uma pena que haja tanto político filho da puta para atrapalhar essa gente do meu Brasil varonil. Se não tivessemos de sustentar esses pilantras, o seu Edvar já teria como montar outras cinco casas no bairro, além de mais duas cisternas.

Cada cidade tem o Roberto Justus que merece.

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