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segunda-feira, novembro 29, 2004

 
O importante é comunicar e ser feliz
Quanto mais o tempo passa, mais percebo que estudo para fazer o trabalho de um publicitário ou um relações-públicas.
Mas isso nem é estranho. Diria mais:

"A experiência me fez enxergar novas possibilidades para a carreira jornalística. Descobri um vasto campo de atuação profissional nos setores publicitário e de relações públicas".
Tenho talento ou não para a coisa?
Este pensamento teve a colaboração egrégia de Joselito.

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domingo, novembro 28, 2004

 
Ondas de Ano Novo

Um dos rituais mais bestas do fim de ano é pular onda ao badalar da meia noite do dia 31 de dezembro. Fala sério: que tipo de cidadão acha que precisa pular feito uma gazela no litoral sujo de Santos ou nas abarrotadas praias do Rio para ter sorte no ano vindouro? Tem uns que creditam a isso as atuais situações de Paraguai e Bolívia, países de gente que canta, mas não é feliz. Ah, vão se lavar! Vão pular onda de piscina de quintal!

Outro rito iconoclasta besta, já condenado pelo Pastor Dedini, é o de subir nas cadeiras comendo lentilha, para boa sorte. Speak serious! Sprech wichtig! Habla serio! Na minha tenra infância, quando acreditava nessas besteiras, passei anos comendo lentilha no Dia de Ano Novo sem subir na cadeira.

Qual não foi a desilusão no meu corpo de menino ao descobrir que nada daquilo teria valido se não tivesse me erguido na cadeira. Quantos corações não foram assim quebrados? Quantas expectativas, frustradas? Isso porque um simples ritual foi associado a outro, dificultando sua realização e confundindo mentes e espíritos de forma deplorável?

No Bahrein, onde o calendário gregoriano não vale uma carcaça de dromedário velho, as pessoas desdenham dessas estranhas culturas das sociedades judaico-cristãs ocidentais. Em vez de pular as ondas no deserto ou comer romãs e tãmaras para que a fortuna os privilegie, eles se sentam à beira do caminho jogando xadrez com esterco ressecado de camelo e comem os quitutes feitos por suas esposas.

Ante a reverberação desses fenômenos de (falta de) crítica, sinto que apenas duas soluções, baseadas em uma fatwa do grande Dedini, são plausíveis para um mundo que pula cada vez mais ondas e come mais lentilhas em cima de cadeiras: o suicídio coletivo ou o asssassinato seletivo. O segundo é mais fácil, reconheço, e preferi começar por ele: Farabollini Júnior.

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quarta-feira, novembro 10, 2004

 
Movimento Rápido aos Olhos

A man walks away when every muscle says to stay
How many yesterdays? They each weigh heavy.
Who says what changes may come? Who says what we call home.
I know you see right through me. My luminescence fades.
The dusk provides an antidote. I am not afraid.

I've been a million times in my mind
And this is just a technicality,
Frailty, reality.
It's time to breathe. Time to believe.
Let it go and run towards the sea.

They don't teach that, they don't know what you mean
They don't understand, they don't know what you mean
They don't get it, I want to scream
I want to breathe again. I want to dream.

I want to float a quote from Martin Luther King
I am not afraid, I am not afraid, I am not afraid
I am not afraid, I am not afraid, I am not afraid

(trecho extraído de The Outsiders, Around the Sun, R.E.M.)

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domingo, novembro 07, 2004

 
Spleen Splash

Qual sentido existe em usar aquele brinquedo do Playcenter chamado Splash? Você é colocado numa montanha russa chumbrega, grita feito uma preá grávida, se molha pra cacete e ainda sai dando risada, mesmo tendo de passar o dia inteiro no parque, escaldado como batata frita de restaurante da Praça da Sé.

Assistir ao deleite desses cidadãos na saída do referido brinquedo me causa uma dor viceral, na alma, como o spleen daqueles poetas byronianos. A diferença é que a dor deles geralmente era por não conseguirem comer ninguém, além de eles mesmos. A minha é uma dor máscula e tem relação com a falta de propósito dessa gente, vivendo uma vida tão besta...

O pastor Dedini costumava dizer que a felicidade é algo lógico, baseado na beleza das coisas simples - como se alimentar, ouvir música, ler um livro, ter uma vida afetiva e permanecer seco. As surpresas, às quais uma existência fecunda não deve se furtar, surgem como decorrência dos atos mais singelos. E molhar-se nunca fez parte dessa equação.

Bem pelo contrário: durante nossa infância era comum sermos punidos caso isso acontecesse. Por isso, anos mais tarde, fica difícil de entender o por quê de se procurar prazer em coisas tão complicadas, a exemplo do brinquedo Splash. As diversões mais facilmente encontráveis ainda não parecem ter se exaurido. Então, pergunto: qual é o objetivo disso tudo?

Olhem para os bahrenitas: vivem em um país cuja principal atração é um autódromo, lugar quente pra caralho e estão felizes. Comem seus pães, ouvem o pastor Dedini e arranjam esposas para engravidar. E nada disso tem a ver com a pobreza, uma vez que não há glória alguma em ser pobre. No Bahrein, ricos e pobres dividem a mesma areia.

No resto do mundo, no entanto, na dita civilização, tem de ser diferente. Precisa ter splash, pão de queijo com recheio, celular com televisão, revista de celebridades e sistema de segurança, para deixar tudo bem protegido. Não dividimos as mesmas areias por aqui, apesar das afirmações em contrário dos imbecis de plantão, que exortam a democracia das praias, onde uns vendem cocos para outros os comprarem.

Para curar esse meu spleen tropical, moreno e brasileiro, nessa festa que é a nossa democracia, só vejo três soluções: o suicídio coletivo, o linchamento seletivo e o terrorismo. Uma vez que a última atrairia o maior número de adeptos, deixo pronto um jingle. Não se recomenda que ele seja entoado no Splash do Playcenter.

Baseado em jingle de campanha de um mandatário de uma republiqueta por aí

É com te ene tê
É com te ene tê ê ê
Dinamite e bomba agá
E que se exploda,
E que se exploda
Explodaaaaaaaaaa...




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