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quinta-feira, janeiro 29, 2004

 
Àqueles que cedem à tentação

Desde o início, sabia que corria o risco disso acontecer. A idéia de fazer um blog como este revelaria ao mundo falsos profetas, outros sentidos para a vida e as verdadeiras intenções da propaganda da Nova Schin na televisão (isso fica para mais tarde). Mas, enfim, já está aí para todos comprovarem. Dois de nós, já abandonaram os princípios pelos quais eu e uns poucos heróis da resistência (não confundir com Inimigos do Rei) escrevemos.

Reparem vocês: há quanto tempo não havia um post meu neste espaço? Dias... poderiam ser semanas e da mesma forma eu permaneceria incólume. Nossos um dia companheiros Fleumático e Pedante já não compartilham desse raciocínio. Um comichão, que faço idéia de onde começa apenas por relato de terceiros, queima no interior dos rapazes (?). Hoje, infelizmente, eles flertam com o maior crime que se pode cometer neste blog. Fleumático e Pedante se importam! Nenhum dos dois tem a mínima parcimônia para tecer comentários e um dos pimpolhos já fez até elogios! Assim não pode, assim não dá!

A vida é breve e a permanência de Jorge Tarquini em seus ambientes de trabalho, também. (Que o diga o Pastor Dedini, um dia assessor de imprensa do referido profissional do mundo moda-jornalismo-cinema-Bingo da Augusta). E essa efemeridade dá pressa àqueles que estão fracos para resisitir ao imenso poder que o desdém e o Desdém podem servir àqueles que sabem deles se utilizar.

Isso não pode continuar assim. Os mancebos perderam o norte. Eles vão de leste a oeste. De norte a sul. Com a onda que é a dança da galinha azul. Até escreveria mais sobre o assunto, mas tenho de ir catar coquinho. Afinal, tem coisa mais interessante pra fazer do que redigir um texto por dia, né não? Pedante e Fleumático: continuem assim e logo vocês vão ser ranzinzas que se importam, como o Pedro de Lara. E aí não vai ter amizade com Agepê ou com Pepeu Gomes para tirar vocês das trevas da preocupação, dissimulada ou não.

Falta que eu te expurgo:

P.S.> Na última frase, não me preocupei em fazer rima. Foi apenas um acidente.

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Giz para matar barata

Quem será que compra giz prá matar barata no camelô? Como é que se mata uma barata com um giz? Nunca entendi isso. Quando aparece a barata, você taca o giz na cabeça dela? Ou desenha uma equação de segundo grau no chão e a cabeça da barata explode? Não faz sentido.

É como aquele lápis de silicone, que foi moda em tempos idos. O que era aquilo? Por quê? Acho que nem o camelô acreditava que as pessoas comprassem aquela porcaria. O cara devia pensar “Meu deus, que idiota. Não é possível que esse sujeito esteja comprando isso...”

Mas tudo bem. Tem louco prá tudo. Outro dia mesmo, já caindo de bêbado, o Pastor Dedini me confessou que tinha comprado um AbShaper do 1406, nos bons tempos de Tonny Little. Veja você. Até o bom pastor já caiu nestas tentações consumistas. Resista. Quem nunca comprou um giz para matar barata ainda tem salvação.

Falta que eu te expurgo:

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BRINCAR PARA TODO O SEMPRE

Muito admira culpar brincadeiras por um fracasso. A Seleção brasileira sub-23, que perdeu a vaga para as Olimpíadas deste ano, sofre com acusações bem injustas, embora muitas críticas sejam merecidas. Isso acontece porque tem gente querendo sair da linha de tiro.

O presidente da CBF, que não tem apreço pela alternância no poder, aponta, com a ajuda do seu acólito Zagallo, as brincadeiras na Seleção como responsáveis pelas derrotas no pré-olímpico. (Gente que despreza a sucessão freqüente e constante no poder é inumano e usa cuecas apertadas). A culpa recai sobretudo sobre Diego, de 18 aninhos, que teve durante o torneio os calções arriados por seu amicíssimo Robinho.

Nada poderia ser mais injusto e revelador. A Seleção estaria classificada somente se levasse essas brincadeiras para o campo. Para os dribles, jogadas e goles. O futebol brasileiro se tornou a virtuose que é depois de implantar a malandragem e ousadia no gramado. Depois de inovar e arriscar em momentos de pura irresponsabilidade e loucura. Robinho deveria ter baixado mais calções, até os do adversário. Se o atacante das pedaladas seguir os conselhos para ser sério, vai ficar com a cara do Zagallo, o que não é brincadeira.

O que fere nesse fracasso é a injustiça de culpar as brincadeiras. Mas dá para entendê-la – quando o Brasil perde todos ficam mal, do cartola-mor ao gandula franzino. O selecionado verde e amarelo é “a pátria em chuteiras”, dizia o atormentado poeta, sem exagero nenhum. (Poeta que não escrevia versos, mas que ia fundo na alma humana). As acusações são uma atitude típica de quem quer se manter no poder, até embalsar-me se preciso, à custa da confusão e da sacanagem. O presidente da CBF faz fumaça para atrás dela se esconder. Pior para o futebol, para a arte do futebol. Pior para a vida, que deve ser vivida na brincadeira, na alegria, na piada, na manteiga, no sorriso largo e sincero.

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Por que os americanos são tão folgados?

Um piloto mostra o dedo médio. Um passageiro joga água, em pleno vôo, no rosto de um BEBÊ! O que há, hein? Falta de sopapos ou de pimenta no fiofó?
Falaram que o Pastor Dendini no ** – um tal de mentor – deveria ser citado, bem como Bahrein, cuja capital (Almanara) é um restaurante que serve as melhores esfihas fechadas já comidas. Estão ambos referidos! Quer saber? Talvez, lá no seu QG em Almanara, o Dedini no ** saiba por que são assim os ianques e como se faz para baixar-lhes o facho.

Falta que eu te expurgo:

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quarta-feira, janeiro 28, 2004

 
Crítica

Acho que não há muito mais coisas no mundo tão desprezíveis quanto os críticos. O sujeito pensa que entende o que um artista quis fazer, acha que pode aplicar os conceitos mais malucos que quiser, e de repente aquilo é verdade. Um exemplo é a crítica de uma revista que não ousa dizer o nome. Veja só. O próprio Pastor Dedini já falou que só vai assistir aos filmes quando a crítica da tal revista os esculhamba. Já é testemunho suficiente.

Os artistas que realmente fazem a diferença nesse mundo cagam e andam para a crítica. O Pepeu, radical por natureza, fez questão de desaprender a ler só pra não ter que agüentar as infâmias e maldizeres dos críticos. É isso. Não à crítica, sim ao Pepeu.

Mas o que mais me impressiona é gente que critica blog. Sinceramente, acho que essas pessoas deveriam ser obrigadas pelo ministério da saúde a doarem seus “cérebros” para estudo. Aposto que, quando os médicos abrissem a cabeça do sujeito iriam olhar lá prá dentro e escrever no relatório: “Sem conteúdo. Não pulsa. Uma estrela”.

Falta que eu te expurgo:

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terça-feira, janeiro 27, 2004

 
Não me peça para te poupar

Primeiro que essa história de Pastor Dedini já cansou. Como ninguém se lembrou de comentar sobre a prisão do Sander, ex-Twister? O Fuxico não vacilou, e deu um furo.

Veja aqui como Desdém foi furado

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Fleumático faz uma dura e ácida observação quanto à Gripe do Frango. Muito coerente. Mas cometeu um pequenino deslize. Esqueceu de mencionar, como sugeriu a leitora Quem é Yardena, a crise da vaca louca.

Críticas à parte, muito boa a menção a Agepê, ao Cheique do Bahrein e ao Acre.

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Quais são as mentes desocupadas que podem querer ter um blog? Aliás, isso é nome? “Blog”. Bleah. Blah. Nheca. Ranho. Com exceção do Desdém, que não teme a crítica, opina sem dó, os outros blogs não passam de passatempo de gente desocupada.

Veja bem, vá fazer um curso de culinária, vá jogar pif-paf com seus amigos. Mas não. As pessoas estão cada vez mais dependentes desse vírus. Desse mal.

Critiquei, mas tenho que mencioná-lo agora. O próprio pastor Dedini não aprovaria tal coisa. E é por isso que a corrente dos Empresários é realizada justamente na hora em que tarifa telefônica é mais barata. Assim, ninguém fica suscetível a se conectar à Internet e propagar pensamentos oriundos do nada, da oficina do Diabo.

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Por último, preciso frisar que já é hora de revelar o resultado dessa enquete que aparece quando o Desdém é acessado. Ou, ao menos, estipular um prazo para a divulgação da cidade mais votada. Precisamos saber o que pensa o leitor. E digo mais. A enquete é um bom tema para ser discutido com desdém. Mas estou cansada demais para continuar pensando.

Falta que eu te expurgo:

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Gripe do frango

É incrível a necessidade que esses crápulas da mídia têm de criar mentiras. Primeiro foi a AIDS. Logo depois, veio o Tiririca. Agora, mais uma manobra fantástica para ganhar audiência: A Gripe do Frango. Parece nome de filme trash dos mais absurdos.

Daí vem um panaca qualquer de uma tal de Organização Mundial da Saúde dizer que a gripe do frango “pode matar milhões de pessoas”. Ah, pára com isso. Imagina só você ali, paradão na granja, comprando um quilo de asa pro churrasco. De repente, o frango na gaiola ao lado dá um espirro e você morre. Tá bom. Acredito mais no Tiririca.

Esse tipo de conspiração é mais comum do que pode parecer. Lembra da SARS? Aposto que lá na China eles estavam criando a mesma mentira, dizendo que o Brasil estava todo contaminado, com centenas de mortos. Eles não entendem português, nós não entendemos chinês. Aposto que o ministro da saúde da China apareceu na TV falando que “sentia muito pelo drama dos irmãos brasileiros”. Aí o Boris Casoy colocava como “o ministro lamenta as mortes de centenas de compatriotas chineses blá blá blá...”.

Cuidado. Estamos sendo usados como massa de manobra para pessoas inescrupulosas e vis, tipo Gugu, Cheque do Bahrein e Agepê. Não se deixe enganar. Consulte sempre o Pepeu Gomes. Ele está por dentro.


Falta que eu te expurgo:

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FESTA PARA QUEM TEM

Se uma vivalma nascesse às vésperas dos 450 anos da cidade de São Paulo e acompanhasse as comemorações até o grande dia, sairia com a impressão de que a referida estende seus limites pela Av. Paulista, Av. 23 de Maio, algumas localidades do Centro e dos Jardins. O resto pertenceria à outra cidade, sem nome e sem amparo.

Zona Leste e Norte inexistem para a TV e as comemorações. A Z.L., no entanto, fornece a maioria da mão-de-obra braçal e de servicinhos que ninguém quer para a parte fina e lembrada da cidade. As janelas dos arranha-céus são limpas por gente de lá, que pega o metrô da linha vermelha e mais de duas conduções para servir café ou carregar envelopes pela rua. Que vira recheio de sanduíche depois das cinco da tarde e às sete da manhã. A mesma gente que dorme mais tempo do seu sono no metrô, no trem e no ônibus do que na cama de casa e que lê Agora, quando lê alguma coisa ou tem dinheiro para comprar, e não JT, que parece um Estadão em versão engraçadinha e levezinha, mas nem um pouco popular. A mesma gente que faz tudo movimentar.

Enquanto se ignora esse estado desolador, o paulistano e outros filhos adotados desta cidade festejam o cheiro de óleo e a multidão imbatíveis. Não tem por que se preocupar com outra coisa, afinal, o servidor de canapés, guaranás e uísques não é protagonista de nada, nem se sabe por que ele existe. Um dia ainda inventam um robô para ser o garçom e a cozinheira. E aí, sim, será um tempo feliz, com os do povão confinados nos seu lugares, onde há crimes, desamparo, miséria, ou por outra, onde não há a cidade 450 anos (o pedante ainda se mata de tanto escutar esse número), a locomotiva do Brasil.

Falta que eu te expurgo:

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segunda-feira, janeiro 26, 2004

 
Acre

O que é o Acre? Quem lembra do Acre? Qual a função do Acre na República Federativa do Brasil? O “estado” só nasceu porque o barão do Rio Branco sentiu uma vontade danada de sacanear os bolivianos.

Ninguém vai para o Acre. Você já ouviu alguém dizer que, nas próximas férias, se tudo der certo, vai pro Acre? Não só ninguém vai, como nada de bom vem de lá. Quem é do Acre? O que dizer de um estado cujo cidadão mais ilustre é o Enéas?

“Ah, mas tem borracha”. Tá, bacana. Isso qualquer papelaria de meia pataca tem. Não é desculpa. Vamos vender o Acre de volta pra Bolívia. Pelo menos dá pra fazer um trocado. O Agepê já falou que apóia o projeto.

Falta que eu te expurgo:

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Esses velhos e suas comidas maravilhosas

Por que caralho as pessoas velhas só conseguem falar em comida? Deve ser a falta de sexo, eu sei. Mas duvido que essa gente nos seus anos de glória lá em mil novecentos e guaraná de rolha trepasse tanto quanto come hoje em dia. Talvez isso tenha alguma relação com aqueles óculos enormes que os pé-na-cova costumam usar. Os macambúzios ficam com o olho grande e vontade de ser glutões feito vikings, só pode ser isso.

Não é à toa que apresentadora de culinária só pode ser velhaca. Nunca vai ter uma gostosa apresentando programa desse tipo. E isso é porque essas já estão ocupadas. Transando! A Ofélia morreu tendo intimidades apenas com rabanetes e pepinos - muito estranho por sinal. E a Palmirinha? Imagina há quantos anos ela não dá uma? Centenas... se bobear, já cicatrizou. Mas continua comendo feito uma porca, isso sim! Contrariando Deus, o mundo e até o Pastor Dedini.

Deveriam criar um centro pra esses veteranos passarem as noites sem encher o saco falando de suas refeições. Nossos ouvidos poderiam ser poupados das "maravilhas que caldinho de abacaxi faz pro figo" ou das benesses que "um biscoitinho de erva cidrera faz pro estrombago".

Deveríamos enfurná-los em pequenos quartos, para que passem suas madrugadas em orgias alimentícias, recheadas de melecosas substâncias, depois de um desses bailes da saudade no qual eles se alojam. Taí um filão interessante. Motel enquanto é novo. Comel pra quando superar os 60 (36,5 para as mulheres).

Falta que eu te expurgo:

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quinta-feira, janeiro 22, 2004

 
Dia Primeiro

Sou contra o absurdo que é o dia primeiro. De qualquer mês. O que é um “dia primeiro”? Quero dizer, ninguém chama o dia 2 de “dia segundo”. E o dia “vigésimo sétimo”? Dia primeiro não existe. É uma questão lógica. É como o extinto “Vigésima quinta hora”, da Igreja Universal. Quando se pergunta as horas para alguém por acaso e pessoa responde “é a décima quarta hora”? Então.

Até o Pastor Dedini é contra. Tanto que mudou o nome do programa para “Fala que eu te escuto”. Não existe numeral ordinal nessa jogada de data e hora.
Abaixo o dia primeiro. Chega de datas sem lógica.

Falta que eu te expurgo:

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terça-feira, janeiro 20, 2004

 
SINCERIDADE E HUMILDADE

Sempre se deve desconfiar da sinceridade alardeada. Quando alguém chega e começa a berrar: “eu sou sincero”, é aconselhável duvidar. Pois muita gente vê a sinceridade exercitada a torto e direito – justificada assim, “eu falo o que penso” – como um salvo-conduto para dizer grosserias. Sim, gente há que se diz sincera e por isso tripudia, insulta, hostiliza, sem perder de vista o argumento torto e batido: “perdoai-me, eu digo o que me vem à cabeça”.

O blablablá acima nasceu quando se assistia a mais um Big Brother Brasil da vida. Eles não se cansam de meter goela abaixo da audiência brasileira a mesma coisa. Em tese, um pedante não deveria se submeter ao papel de assistir ao BBB. Mas são os ossos do ofício, o pedante precisa conhecer as nulidades para melhor entendê-las e dominá-las. É um processo meio diabólico, do qual a vergonha e um pouco de tolerância fazem parte.

Nesta edição do BBB, tem duas garotas que foram as primeiras indicadas para o paredão: a Tatiana e a Juliana. A Tati é boxeadora e machona. Ela é a que se diz sincera e se mostra temperamental. A Ju é boquirrota e não sabe usar as palavras para justificar os próprios atos. Pois a Tati, atribuindo-se o monopólio da verdade e da retidão, tripudia sobre a Ju, que falou para os homens que contra eles havia um complô, armado pelas mulheres.

Achando-se portadora de alguma salvaguarda, a senhorita boxeadora humilha e tenta vender o discurso justificativo de que é sincera. Pena que ela se esqueça de ser humilde. Desacompanhada da humildade, de nada vale a sinceridade.

Outra coisa: quem é sincero deveras não precisa dizê-lo. Pensa bem. Falar que é sincero é uma forma privada de propaganda. E a propaganda é a prática legitimada e institucionalizada da mentira destes tempos. Logo a teoria se fecha – quem faz propaganda é mentiroso, mesmo que nela esteja afirmada a sinceridade.

A partir de hoje, está declarado: dane-se a sinceridade, se ela der um pé no bumbum da humildade e calçar um salto bem alto para passear nas ruas.
Falta que eu te expurgo:

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domingo, janeiro 18, 2004

 
Tem que ter peito

Se você quer pôr silicone, desista. Mulher, saiba que a preocupação deste manifesto está centrada em você, ainda mais se for mulher que quer levantar, arredondar, enrijecer, o astral. Ou que já levantou, arredondou...

Homem não gosta de silicone! No máximo gosta de ver os efeitos dessa bolsinha de gelatina. Lógico, naquele decote, quem resiste? O homem pensa com as cuecas e só com elas. Ele busca poder para desvendar decotes, partes do corpo que vestidos capciosos não deixam à mostra. Sobretudo aquelas coisinhas – ou coisonas, a depender da louca, loira – com formato de tigela circular e com um bico pontudo.

É com isso que peitos siliconados se parecem. Tira-se o sutiã e nem caem. Que graça! Que mulher normal pode ter os seios assim? É por isso que as pessoas não se amam mais. Não há mais peitos como em antanho. Há um troço duro, cuja sensibilidade por vezes se deteriora, a apontar para o horizonte. Um pedaço em que se misturam carne e matéria sintética dá nisso – falta de excitação. E o que vale é o que está sem roupa. Ainda que os decotes e blusinhas façam pensar o contrário e levem o homem a pirar e a soltar as piores cantadas.

Homem de verdade quer os naturais. Deseja que caiam e sejam vigorosos como só a carne e a gordura podem ser. Não duros como um naco de madeira de carvalho. Um dia a mulher de silicone vai perceber que o homem, não o de araque, está claro, foge da imagem. Pois a imagem não alimenta o toque, o gozo, o fogo, o dia seguinte. Um dia, até para dar uma pitada de tragédia patética (redundância, dane-se), um bebê lindo e sugador como só ele pode ser vai sucumbir intoxicado ou engasgado. Será o dia em que a dureza venceu o dengo.
Falta que eu te expurgo:

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sábado, janeiro 17, 2004

 
Matrix

Outra coisa que não entendo é essa babação toda em cima do Matrix. Pô, os caras pegam um argumento originalíssimo – afinal, Platão nunca pensou nada parecido – botam um sujeito com um jeitão moderninho, corte de cabelo bacana, um sobretudo e um reibã, descobrindo aquilo que todo mundo já sabe: o mundo fede, e tem sempre alguém tentando te sacanear.

Não satisfeitos, continuam o troço com mais dois filmes. Essa história de trilogia é muito cômoda. É só falar que qualquer porra vai ser trilogia e já ganha uma aura de algo interessante. Senhor dos Anéis, Matrix, Buttman vai ao Bahrein...Tudo trilogia. A melhor “trilogia” que já existiu foi a do Indiana Jones, e nunca ninguém anunciou aqueles filmes assim.

E quem diabos leva a sério um filme com um personagem principal chamado Neo? E quem leva a sério um filme com um personagem principal que, além de se chamar Neo, é interpretado pelo Keanu Reeves? Pô, se eu estivesse naquele mundo paralelo e alguém me dissesse que se chamava Neo, eu daria aquela risadinha de lado e pensaria: “Esse é viadaço”.

O pastor Dedini já disse que Matrix é coisa do demônio. Eu acho que não. O demônio seria mais criativo. Se é para mostrar que o mundo em que vivemos não presta, por que o filme não tem nenhum show do “Mastruz com Leite”? Hein? E o “Domingão do Faustão”, cadê? Não vi nenhum Hare Krishna puxando as pessoas pelo braço tentando vender livrinho. Se eles acham a Matrix - qualquer porra que seja aquilo - uma coisa cabeça e de análise, é melhor que nunca tentem por os pés no Brasil...

Falta que eu te expurgo:

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Porque Chico Buarque canta mal - parte I



É evidente que o filho de Sérgio Buarque de Hollanda tem sérios problemas para não maltratar os ouvidos daqueles que escutam sua voz, afinada como uma máquina de fazer caldo de cana. Nem o próprio Chico nega esse descompasso funesto entre cérebro-boca-voz-uísque.

Poucos conhecem os motivos para que isso aconteça. Mas, dos confins do Bahrein, veio a resposta. Desse país asiático, o inabalável Pastor Dedini mandou documentos exclusivos. E com eles a certeza: há mais do que a separação de Marieta Severo e doses de Old Eight na mamadeira por trás da débâcle do homem que grunhe nos palcos como uma preá grávida.

Tudo começou em 1959, em uma visita a Al-Manama, capital bahreinita. O pimpolho de 15 anos, descia as escadas do avião. Ia trôpego, nauseabundo, garrafa de Jack Daniels embaixo do braço. Os fiscais alfandegários usavam na lapela uma foto do Faiçal do Iraque, figura proeminente do período, influencia na perseguição às figuras destoantes da paisagem do Oriente Médio. Quando o pobre Chicote se aproximou, eles não resistiram.

O futuro desafinado - inspiração para o aporrinhante João Gilberto - foi o último da delegação dos Buarque de Hollanda a passar pelo controle da alfândega. A família já se distanciava quando funcionários barraram o moleque. Nos documentos, consta que Chico teria mostrado o dedo médio, sinal de desrespeito no mundo inteiro, ao coordenador dos trabalhos. E isso apenas porque o burocrata pediu que o pivete fosse fotografado e fichado, afinal era o único passageiro que trazia o vício ocidental à tira colo.

Perdido de seu clã e pego pela polícia, o brasileiro foi preso e sofreria as consqüências de seu ato violento às leis locais. Levado à delegacia, despido, amarrado pelos pés, posto de ponta cabeça, mas ainda com a garrafa de uísque na mão, o cancioneiro foi condenado a 50 porretadas na planta dos pés. O que não esperavam os policiais era a reação de um xiliquento Chico Buarque, muito sensibilizado.

Quando ele começou um canto-grito, os carrascos, atormentados, não conseguiam continuar. Terminou levando apenas sete pancadas, além de um tostãozinho no joelho. Saiu satisfeito por ter amedrontado os espancadores e, então, decidiu iniciar uma carreira no Brasil, onde as pessoas estão acostumadas a ouvir gente cantando mal. Até porque não pôde permanecer no Bahrein por muito tempo.

Três horas depois, o artista foi deportado, por razões de segurança nacional. Os árabes são intolerantes com aqueles que não tenham voz chorosa, como a do Khaled ou do Tarkan. O tom quase dodecafônico - mais afônico que dodeca - do brasileiro era insuportável para eles, cuja tolerância só suportou o conjunto Locomia, já no início da década de 90.

Até hoje, o Chico não entra naquele país. Resultado também do trauma, já que foram lá que surgiram as deformações vocálicas indeléveis que carrega consigo. Mas a experiência no Bahrein de Cheques, harens, palácios e Dedinis não foi tudo. Aos seus 19 anos, Chico seria carimbado com outra marca, ainda mais definitiva. Aconteceu no Dia da Mentira de 1964. E ele segurava uma garrafa de uísque embaixo do braço. (Continua)

Falta que eu te expurgo:



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sexta-feira, janeiro 16, 2004

 
Hare Krishna

Qualé a desses Hare Krishnas? Eu sinceramente não agüento essas pessoas. Tudo bem cada um segue a maluquice que quiser. Tem gente que faz ioga, vive de luz, lê a Folha... Beleza. Mas por que esses caras ficam na rua, puxando a gente pelo braço e fingindo que a venda do livrinho não é por grana? Nesse sentido, o missionário R.R. Soares é mais honesto – pede logo a grana e pronto. Quem quer dar, dá. O duro é ficar inventando que vai usar essa grana pra comprar verdura e mais um vestidinho rosa. Vai nada. Vai torrar tudo em cachaça.

Eu não sei de ninguém que compre esses livrinhos por boa vontade. Normalmente, o cara compra para ver se o mala vai embora. Nunca vi ninguém realmente lendo essas porras de livrinhos. Então qualé? Além de chatear a gente para comprar, ainda vendem um troço que é chato? Se é pra comprar de qualquer jeito, só pra se livrar do mala, vendam logo umas revistas de putaria, carregador de celular, ingresso pro Hopi Hari...Pelo menos a gente tem um uso pra tranqueira que comprar.

Tá, tudo bem, deve haver até alguém que leia. Mas eu não acredito que essas pessoas sejam muito diferentes do Enéas ou do pessoal que acompanha golfe pela televisão.

Quero dizer: o sujeito se veste com um vestido cor de rosa, raspa a cabeça – deixando só aquele rabinho esdrúxulo -, sai pela rua batendo num pandeiro e ainda quer me fazer acreditar que ele conhece o caminho para a salvação. Pára com isso. O único caminho que eu acredito que ele conheça é o do hospício.

Falta que eu te expurgo:

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Indies

O que será que se passa na cabeça dessas pessoas que se dizem “indies”? Estou inclinado a aceitar duas respostas: a-) Nada ou b-) Falta de sexo. Ontem mesmo eu conversei com um deles. Chamar aquilo de conversa, aliás, é prova cabal de que sou generoso. Noves fora, o sujeito começou a falar sobre uma banda. Obviamente, uma banda de garagem do sul do Bahrein, que “faz uma mistura sensacional de jazz fusion com tarantella”. O nome da banda invariavelmente é longo, e de preferência é a descrição de alguma frustração da vida do vocalista. Naquele momento, assumi a postura Homer Simpson versus Ned Flanders, ou seja, “meu corpo pode ficar aqui, se quiser, mas minha mente vai embora agora”.

Voltando ao mundo dos que trepam regularmente, comecei a pensar sobre essas pessoas. Por que os óculos esquisitos? Por que as camisetas com xingamentos escritos em Finlandês, com alguma fórmula matemática escrita embaixo? Será que essa gente não entendeu que, em matéria de chocar o “status quo” pela aparência, nunca vai conseguir bater outras épocas? Acordem. Vão para a rua. Conversem com as pessoas sem falar sobre bandas que só vocês e a mãe do vocalista conhecem. Acho que vai me chocar muito mais ouvir alguém na fila do Espaço Unibanco conversando sobre o jogo do Flamengo do que suas atitudes “descoladas”.

Falta que eu te expurgo:


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quinta-feira, janeiro 15, 2004

 
Abaixo às saladas que não existem

Existe algo mais estúpido no mundo dos comes e bebes do que as "saladas" de tomate, alface e agrião? Nenhum termo é mais estuprado em quiosques e restaurantes meia boca deste país. Por isso, conclamo: abaixo às saladas de tomate, alface e agrião. Todas as três! E o motivo é bem simples: não existe salada apenas com um elemento, raios!

Há dois dias fui com uma amiga a um restaurante, onde antes da refeição eles ofereciam uma pequena porção do objeto dessa discussão. Pergunta o funcionário: "Vocês vão querer salada de quê?". Então, minha amiga respondeu: "Pra mim é o prato do dia e uma salada de tomate e de alface. Se tiver cebola, tira pra mim, por favor".

A resposta do garção sintetizou a ignorância daqueles que confeccionam os menus dessas espeluncas. "Tudo bem, mas a senhora sabe que a refeição por esse preço só inclui uma salada, não é? A outra, a extra, a senhora paga separado, certo?". Minha amiga olhou para o rapazote e explicou: "Não, meu amigo, não é isso. Quero só uma salada. E nela, eu quero duas coisas: tomate e alface. Pode ser?".

O garçom empalideceu. "Acho que a senhora não tá entendendo. Se a senhora tá pedindo tomate e alface, são duas saladas. É só a senhora me acompanhar", disse o rapaz, já suando. "Uma é de tomate, certo? A outra é de alface, certo? Então, conta só comigo, são duas saladas. Até porque são duas coisas, certo?".

De nada adiantou o argumento da salada de frutas e da salada russa. "Você já viu salada de banana, cara? Se liga! Salada é mistureba! Não é um monte do mesmo!", reclamei. Mas o rapaz se manteve irredutível e ainda disse que estávamos o deixando "muito nelvoso".

Logo a gente viu que não tinha jeito. Mas tentamos cair de pé. "Tá, tá bom... me dá tomate aí, então. Mas que isso não é salada, não é!", diss ela. Triunfante, o garção agradeceu e foi saindo. E perto da cozinha, o filho da puta encheu o peito para gritar para a cozinheira "Ô Zefa, salta aí uma salada de tomate".

Naquele momento, a ignorância venceu. Mas comprou para si uma briga que há de durar gerações, séculos. E aqui vem o pontapé inicial àqueles que ainda vão ser chutados até a eternidade, por maltratar o bom senso e a língua portuguesa: abaixo às saladas de tomate, alface e agrião!

Falta que eu te expurgo:

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segunda-feira, janeiro 05, 2004

 
E o que é que há de errado com esses caras que curtem esse monte de inutilidade que é escultura? Qual é o objetivo de talhar um naco gigantesco de pedra, madeira ou bronze? E pior, falar, escrever a respeito!

Não existe rigorosamente nenhuma diferença entre essa infrutífera práxis e brincar com massinha. Nenhuma. Imagino Rodin aos seus oito anos, pentelho. "Mãe, olha só o que fiz com esse pedaço de mármore! Um semi-deus grego... o que a senhora acha, hein?". E a digníssima senhora diria "Vê se não enche o saco e faz alguma coisa de útil, moleque".

O bandido deveria ter ouvido. Assim não povoaria com idéias para discussão a cabeça desse monte de gente que usa óculos fundo de garrafa e toma água Perrier. O máximo que esses conseguem se aproximar da vida plebéia é tomar uma cagada de pomba na frente de uma dessas estátuas abandonadas de praça pública. Vão se lavar!

Artista mesmo é o criador do video-game. O cara criou um mundo onde você faz o que quiser com seu personagem. Se quiser matá-lo, foda-se! Quer chegar ao final, persevere! Cansou de jogar, desliga! Ninguém vai te achar um fracassado só porque desistiu no meio do trabalho. E é só apertar o power. Não fica nem uma lasquinha no chão.

Sem contar que esse saudável entretenimento dá grande agilidade aos dedos, o que é essencial para se usar um computador a contento, além de estimular os reflexos. É quase uma gourmandise. Há alguns dias joguei três minutos de Atari. Fiquei absolutamente satisfeito.

Não havia nenhuma pulsão de procurar em um livro o que diabos significavam as etapas do dia do enduro, nem a musiquinha do Pac-Man. Por isso, inicio aqui a campanha. Que o video-game substitua a escultura como uma das artes. E as outras que se cuidem. Falta que eu te expurgo:



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quinta-feira, janeiro 01, 2004

 
Estamos no feriado pelo Dia Mundial da Paz e/ou ressaca da festa de Ano Novo. Tá jóia. Mas por que diabos não existe um só lugar para se comer nesta cidade? Capital da gastronomia é o escambau! Tranqüilidade porra nenhuma! Por que esses comerciantes não fazem dois turnos de trabalho, um para Natal e outro para Ano Novo, e abrem aquelas espeluncas para que jovens honestos e esforçados possam fazer suas refeições?

E quem REALMENTE se incomodaria se os caras fossem à labuta em um mísero feriado? O FMI já disse que caga e anda. O Pastor Dedini também já falou que, por ele, tudo bem. E é quando tudo poderia estar bem encaminhado para que essa gente laborasse e fizesse o país ir para a frente, surge um corno como o Cheque do Bahrein, que vagabundeia o ano inteiro, e dá o mau exemplo.

Como o calendário árabe só se renova em julho, ele aparece na Al Jazeera com uma porrada de lacaios, em um dia difícil de se viver em qualquer cidade do Ocidente para quem está sozinho, comendo camafeus holandeses e sugerindo que faz o mesmo com escravas bessarábicas. O efeito imitação é inevitável! Assim como torci para que 2003 acabasse logo, quero algo igual para esse dia (?) de excessiva paz e pouco mundo.
Falta que eu te espurgo:

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