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segunda-feira, março 01, 2004

 
BUZINAS ABOLIDAS

Não há nada mais irritante que uma buzina em funcionamento. Quem freqüenta um trânsito caótico, intenso, enlouquecedor, sabe do poder que a buzina tem sobre o sistema nervoso. Sistema invariavelmente em frangalhos.

As más e sensatas línguas dirão que a buzina não tem culpa, quem tem é quem a usa. Incansáveis, irão mais longe: a buzina tem uma única serventia, a de alertar os outros motoristas para um descuido. Mas não é assim que ela é usada. Ela serve como descarregadora de raivas, recalques, mau-humor, distúrbios, quejandos.

Quem recebe a buzinada sabe que ela muitas vezes está carregada de ódio letal. De um xingamento indizível, insuportável quando bem endereçado. Que o diga Pastor Dedini, que antes de Pastor era um taxista vespertino. Rush era com ele mesmo. E engarrafamento é o mesmo em qualquer lugar, de SP a Bahrein (Manama).

Um código inteiro de trânsito deveria ser redigido somente para abolir o apitaço dos carros. Sob pena de morte ou de empalação àqueles que o transgredissem. O negócio é sério, embora muitos possam alegar o contrário. As más línguas, insistentes, impertinentes, mais uma vez falarão que a culpa não é da buzina em si, mas de quem a usa.

Até quando alguém vai esperar que o homem tome jeito? Para que esperar o endireitamento do ser humano? O mais viável mesmo é acabar com tudo aquilo que ele inventou para aporrinhar o semelhante, o seu semelhante. A começar da buzina. Será assim com o álcool, com as drogas, com o dinheiro, com o sexo, com o poder... Está rindo? Vai vendo como é mais fácil, o homem e sua história o que mais sabem é repetir-se, repetir-se... Repeteco na integralidade.

Falta que eu te expurgo :




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