|

domingo, março 14, 2004

 
SOBRE COLEIRAS, CALCINHAS TRANSPARENTES E JORNALISMO DE TESE

A imprensa tem um marco este ano: o mês de março. Nunca, em tão pouco tempo, se escreveu tanto idiotismo sobre tão pouco. Nunca se desempenhou à exaustão o jornalismo de tese. O semanário brasileiro mais vendido fez o seguinte: especulou por meio de fotos uma análise, uma tese. Esta tese serviu para se forjar um fato. Deste fato surgiu a reportagem. Quem dera a muitos jornalistas poder escrever uma matéria com base numa tese, numa impressão que pode ser tudo menos objetiva. Mas eles fingem que escrevem a verdade e os leitores, sedentos de fofocas sobre privacidade, fingem que são sérios.

A causa da grafomania cheia de besteiras? Luma de Oliveira, quase quarentona, pronta para deixar de ser aquela menina balzaquiana. Se se quiser mais precisão, a causa do palavrório é Luma e sua separação conjugal bem confusa, ao gosto do sensacionalismo fofoqueiro.

Especulou-se se mentir por amor é válido. Claro que não é. Ninguém ama mentindo. Se ama, acaba, é passageiro. Falaram que o fim foi o ciúme excessivo do marido, que nem com uma coleira na mulher se satisfez. Deve ter sido. Ciúme só em pequenas doses, mesmo que a mulher do cara teime em ser sexualmente exibicionista. Mesmo que ela tenha o descuido de botar uma calcinha transparente. Se ele queria uma beldade, tem de aceitá-la desnudada, pois toda gostosura feminina é mais ou menos propriedade pública. Se não entende essa premissa básica, perde o que era doce, muito doce. Pastor Dedini sabe como é, atento a esse mundanismo que ele deseja expurgar.

Escreveram que ela estava a sentir a angústia da iminência de entrar na casa dos quarenta. Fica velha, engorda com facilidade, deixa um lugar que as mais jovens vão, sem dó, ocupar. Embora muita gente seja vazia no pensar e no agir, não é possível uma coisa dessas. Acabar com o casamento, mentir dizendo-se grávida, para aparecer na mídia e por perturbação hedonista, é muita baboseira para uma mente sadia e atenta. E pouco excitada.

O mais gozado são os pareceres de psicanalistas e feministas. Eles dizem um monte de coisa, que até faz sentido, é bonito no verbo, mas que funciona como uma brasília com óleo vencido e solidificado. Tudo fumaça, tudo efêmero, tudo incerto. Psicanalista é bom de se ouvir, mas nunca se deverá perder dinheiro com ele. Às feministas se pode pedir o seguinte: até vale lutar pelo lugar ao sol para as companheiras, mas à mulher deve ficar reservada a feminilidade. Mulher agindo que nem homem é coisa para frígida.

De resto, está tudo como deveria estar. De uma lado, a exibicionista, para alimentar o desejo de quem despreza a própria mulher. Do outro, o trouxa ciumento, que de tanto ter ciúme vai desfilar o próximo Carnaval sem mulher e com uma baita saudade daquele corpão. A vida é assim, um monte de carne para satisfazer a libido de quem a tem desenvolvida. Não é assim? Considere-se frígido, quase morto!

Falta que eu te expurgo :


|

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?