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segunda-feira, maio 23, 2005

 
Pelo fim das vestes de palhaço

Não sei por que caralho não acabam logo com todos os palhaços travestidos. Acabar de uma vez. Tem tantos usando gravatas, vestidos longos, diante de televisões, sentados em bibliotecas, ao volante de veículos, transportados na boléia, recebendo voto, tomando posse, tantos, tantos desses figuras, que não há mais diversão nessa gente fantasiada. Eles ainda não entenderam que os melhores palhaços estão de cara limpa.

O triste é que só se deliciam com esse nectar do humor os restinhos de consciência que cada um desses Arrelias de si mesmos têm por dentro. Sabe aqueles tantinhos de noção que teimam em não morrer? Pois é. Eles rolam de rir. Ainda que não o façam alto o suficiente para escrachar ao mundo toda essa graça tão seriamente tragicômica. Essa graça quase acidental para aqueles que revolucionam dia-a-dia a arte de fazer rir. Isso é, quando o público descobre a piada.

Tem gente que anota na agenda o horário de se divertir, à la tamagochi. Gente que come na frente de pedinte, que se atrapalha com firmeza diante dos juízos fáceis, que se vende, gente que compra, que pede perdão, que perdoa. Tudo com absoluta destreza, sem nariz vermelho e mostrando sorriso no rosto.

Por isso, para quê picadeiros se temos escritórios, consultórios, redações, escolas, apartamentos, fábricas, garagens, lojas, palácios, Palácios e ruas? Quem é que precisa de goiabada? Quem é que precisa de marmelada? Já temos calmante, cerveja, cigarro, Corolla, cuica... O espetáculo já não tem hora para acabar. E os palhaços disputam com vigor uma vaga no centro do picadeiro. Eles não se importam se o público continuar faltando.

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